Um “Rio vivo” de emoções entre acordes e canções: A genialidade de Francis Hime em 85 anos de vida e 60 de carreira
Presenciar o show de lançamento do álbum “Não navego pra chegar” de Francis Hime, recentemente no Vivo Rio, foi uma verdadeira experiência multissensorial. Cada acorde e arranjo pareciam tocar não apenas os ouvidos, mas também a alma do público presente, que se deixou conduzir pela poesia e intensidade das músicas. A noite contou com participações especiais que enriqueceram ainda mais o espetáculo, entre elas Zélia Duncan, Simone, Mônica Salmaso, Leila Pinheiro e outros grandes nomes. Porém, a entrada de Ivan Lins em cena, cuja voz aveludada e firme conferiu uma carga de emoção sublime à canção “Imaginada”, interpretada ao lado de Francis Hime e composta por Olívia Hime, transformando o momento em um apogeu de delicadeza e lirismo que muito mexeu com minha imaginação. No alto dos seus 85 anos de vida, Francis Hime segue esbanjando genialidade e a riqueza da sua arte. Na ocasião, foram comemorados também os seus 60 anos de carreira, um marco impresso nas entrelinhas do título do trabalho, que faz alusão à sua maneira singular de navegar na vida sem preocupar-se com a pressa da chegada, mas em vivenciar a plenitude do percurso. Entre emoção e encantamento, ficou a sensação pungente de ter participado de um culto aos deuses do Olimpo, onde a música foi rito, celebração e portal sagrado. Francis Hime, com sua maestria, mostrou mais uma vez porque é um dos nomes mais respeitados da nossa música. E o Vivo Rio se transformou, naquela noite, em um oráculo de devoção e veneração à arte e à poesia cantada.
Nota da Semana
O Oráculo Espaço do Saber abriu suas portas no pôr-do-sol de um sábado para exibir o curta-metragem “O menino da pipa avoada” dirigido por Fernando Rossi e com texto de Adriano Moura. A trama une delicadeza poética e dimensão educativa, abordando a importância do uso consciente da pipa sem cerol, sem perder de vista a magia que esse brinquedo carrega. O músico Matheus Nicolau assina uma trilha sonora rara e sensível, com arranjo e letra leves e delicados como a pipa. Mais do que uma história sobre um menino que almeja pelo brinquedo sonhado, penso que o curta é um convite para nutrir a essência da criança interior que em cada um habita, lembrando-nos de que voar alude à ideia de deixar-se levar pela esperança e pela imaginação. Vale a pena seguir o perfil no Instagram para acompanhar a agenda: @omeninodapipaavoada_ofilme.
“Fantasias Textuais”
“Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
Talvez isso nos livre de lançarmo-nos
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um”. Trecho da canção “Livros”, de Caetano Veloso.