A Unidos da Tijuca após a 7ª colocação no ano passado trouxe de volta o carnavalesco Paulo Barros que criou o enredo “Onde moram os sonhos”. Com o objetivo de contar a história da evolução arquitetônica e urbanística da cidade do Rio de Janeiro, onde este ano será realizado o 27º Congresso Mundial de Arquitetos, houve um passeio por várias épocas e diversos estilos. Foram muito bem a bateria comandada pelo mestre Casagrande e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira composto por Alex Marcelino e Raphaela Caboclo!
NOTÍCIAS
A Acadêmicos do Salgueiro, que ficou no 5º lugar ano passado, desenvolveu o enredo “O Rei Negro do Picadeiro” do carnavalesco Alex de Souza. Fez uma homenagem aos 150 anos de nascimento do Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil, tema que combina com os enredos afros salgueirenses. Emerson Dias e Quinho interpretaram com vigor o samba no entanto foi um desfile pouco empolgante, inclusive, que não conseguiu mostrar sua identidade plástica e seu estilo de evoluir na avenida!
A Unidos de Vila Isabel, 3ª colocada no ano passado, mostrou o enredo “Gigante pela própria natureza – Jaçanã e um índio chamado Brasil” do carnavalesco Édson Pereira. A azul e branco do bairro do compositor Noel Rosa optou por um tema meio chapa branca, até mesmo ufanista. Ao abordar a formação da cidade de Brasília numa viagem indígena idílica sem tocar na atual problemática dos índios cometeu um grande equívoco narrativo. Como destaque a interpretação bem cadenciada do samba pelo Tinga!
SÃO CLEMENTE
A São Clemente ficou em 12º lugar no ano passado e mantendo o seu estilo irreverente levou para a avenida o enredo “O conto do vigário” desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira. A única escola da Zona Sul carioca, sediada no bairro de Botafogo, que desfila na elite seguiu sua tradição e trouxe uma crítica bem-humorada à histórica mania de “se dar bem” e do popular “jeitinho brasileiro”. Apresentou a evolução da “vigarice” na história do Brasil e foi embalada pelas vozes dos intérpretes Leozinho Nunes, Bruno Ribas e Grazzi Brasil!
A Portela, que é a maior vencedora com seus 22 títulos e no ano passado se classificou em 4º lugar, contratou para serem seus carnavalescos pela primeira vez Renato Lage e Márcia Lage que desenvolveram o enredo “Guajupiá, terra sem males”. A comissão de frente coreografada pelo Carlinhos de Jesus iniciou a missão de contar a história do Rio de Janeiro antes da chegada dos portugueses, a escola apresentou um desfile com excelente plasticidade e os emblemáticos versos “Nossa aldeia é sem partido ou facção, Não tem ‘bispo’ nem se curva a ‘capitão’”!
A União da Ilha do Governador que ficou na 10ª colocação ano passado levou para a avenida o enredo “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas; a sorte está lançada: Salve-se quem puder” desenvolvido pelos carnavalescos Laíla, Fran Sérgio e Cahê Rodrigues. A azul, vermelho e branco insulana fez um desfile criticando as injustiças sociais no Brasil. Do início ao fim foram mostrados os problemas sofridos pelas camadas mais pobres da população e sugerida como solução para eles a educação!
A Acadêmicos do Grande Rio, 9º lugar no ano passado, trouxe o enredo “Tata Londirá – O canto do caboclo no Quilombo de Caxias” dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. A dupla de estreantes no Grupo Especial foi ousada ao homenagear Joãozinho da Gomeia, famoso babalorixá de Duque de Caxias. A verde, vermelho e branco caxiense desfilou com uma garra contagiante e deixou seu recado contra a intolerância religiosa que pode ser ilustrado pelos dois últimos versos do refrão “Eu respeito seu amém, Você respeita o meu axé”!
A Paraíso do Tuiuti, 8ª colocada no ano passado, apresentou o enredo “O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião” do carnavalesco João Vitor Araújo. A azul-escuro e amarelo do Morro do Tuiuti cruzou as vidas e trajetórias de São Sebastião e Dom Sebastião. Num dia 20 de janeiro o santo foi executado a flechadas por romanos, no ano de 286, e o rei português nasceu, em 1554. O desfile teve como destaque o empolgante samba de Moacyr Luz, Cláudio Russo, Aníbal, Píer, Júlio Alves e Alessandro Falcão embalado pelas vozes de Celsinho Mody e Nino do Milênio.
A Mangueira, campeã do ano passado, causou polêmica desde que lançou o enredo “A verdade vos fará livre” do carnavalesco Leandro Vieira. A tradicional verde e rosa impactou com uma comissão de frente muito bem vestida e executando uma fantástica coreografia criada por Rodrigo Neri e Priscila Motta. Tratou-se de um desfile que questionou uma possível existência de Jesus Cristo nos dias de hoje numa comunidade pobre como a mangueirense. Partiu da biografia bíblica e foi descontruindo a imagem cristã eurocêntrica elitista e racista!
A Unidos do Viradouro, vice-campeã do ano passado, pisou na avenida para mostrar o enredo “Viradouro de alma lavada” assinado pelos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. Chamaram atenção o intérprete Zé Paulo Sierra, a bateria do mestre Ciça e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Julinho Nascimento e Rute Alves. A escola niteroiense homenageou as Ganhadeiras de Itapuã, mulheres que lutaram pela liberdade no fim do século XIX e resistiram através de um grupo musical com o mesmo nome!