A São Clemente ficou em 12º lugar no ano passado e mantendo o seu estilo irreverente levou para a avenida o enredo “O conto do vigário” desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira. A única escola da Zona Sul carioca, sediada no bairro de Botafogo, que desfila na elite seguiu sua tradição e trouxe uma crítica bem-humorada à histórica mania de “se dar bem” e do popular “jeitinho brasileiro”. Apresentou a evolução da “vigarice” na história do Brasil e foi embalada pelas vozes dos intérpretes Leozinho Nunes, Bruno Ribas e Grazzi Brasil!
NOTÍCIAS
A Portela, que é a maior vencedora com seus 22 títulos e no ano passado se classificou em 4º lugar, contratou para serem seus carnavalescos pela primeira vez Renato Lage e Márcia Lage que desenvolveram o enredo “Guajupiá, terra sem males”. A comissão de frente coreografada pelo Carlinhos de Jesus iniciou a missão de contar a história do Rio de Janeiro antes da chegada dos portugueses, a escola apresentou um desfile com excelente plasticidade e os emblemáticos versos “Nossa aldeia é sem partido ou facção, Não tem ‘bispo’ nem se curva a ‘capitão’”!
A União da Ilha do Governador que ficou na 10ª colocação ano passado levou para a avenida o enredo “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas; a sorte está lançada: Salve-se quem puder” desenvolvido pelos carnavalescos Laíla, Fran Sérgio e Cahê Rodrigues. A azul, vermelho e branco insulana fez um desfile criticando as injustiças sociais no Brasil. Do início ao fim foram mostrados os problemas sofridos pelas camadas mais pobres da população e sugerida como solução para eles a educação!
A Acadêmicos do Grande Rio, 9º lugar no ano passado, trouxe o enredo “Tata Londirá – O canto do caboclo no Quilombo de Caxias” dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. A dupla de estreantes no Grupo Especial foi ousada ao homenagear Joãozinho da Gomeia, famoso babalorixá de Duque de Caxias. A verde, vermelho e branco caxiense desfilou com uma garra contagiante e deixou seu recado contra a intolerância religiosa que pode ser ilustrado pelos dois últimos versos do refrão “Eu respeito seu amém, Você respeita o meu axé”!
A Paraíso do Tuiuti, 8ª colocada no ano passado, apresentou o enredo “O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião” do carnavalesco João Vitor Araújo. A azul-escuro e amarelo do Morro do Tuiuti cruzou as vidas e trajetórias de São Sebastião e Dom Sebastião. Num dia 20 de janeiro o santo foi executado a flechadas por romanos, no ano de 286, e o rei português nasceu, em 1554. O desfile teve como destaque o empolgante samba de Moacyr Luz, Cláudio Russo, Aníbal, Píer, Júlio Alves e Alessandro Falcão embalado pelas vozes de Celsinho Mody e Nino do Milênio.
A Mangueira, campeã do ano passado, causou polêmica desde que lançou o enredo “A verdade vos fará livre” do carnavalesco Leandro Vieira. A tradicional verde e rosa impactou com uma comissão de frente muito bem vestida e executando uma fantástica coreografia criada por Rodrigo Neri e Priscila Motta. Tratou-se de um desfile que questionou uma possível existência de Jesus Cristo nos dias de hoje numa comunidade pobre como a mangueirense. Partiu da biografia bíblica e foi descontruindo a imagem cristã eurocêntrica elitista e racista!
A Unidos do Viradouro, vice-campeã do ano passado, pisou na avenida para mostrar o enredo “Viradouro de alma lavada” assinado pelos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. Chamaram atenção o intérprete Zé Paulo Sierra, a bateria do mestre Ciça e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Julinho Nascimento e Rute Alves. A escola niteroiense homenageou as Ganhadeiras de Itapuã, mulheres que lutaram pela liberdade no fim do século XIX e resistiram através de um grupo musical com o mesmo nome!
ESTÁCIO DE SÁ
A Estácio de Sá foi campeã da Série A ano passado e voltou ao Grupo Especial com a campeoníssima do Sambódromo carioca Rosa Magalhães, completando 50 carnavais em 2020, que levou para a avenida o enredo “Pedra”. A vermelho e branco, conhecida como berço do samba, sacudiu o público com a bateria comandada pelo mestre Chuvisco e a voz do intérprete Serginho do Porto. Muito interessante a relação feita entre o tema proposto e a história da própria agremiação, assim como o esmero no visual estético principalmente nas fantasias!
