UM OLHAR SOLIDÁRIO
Solidariedade, solidarity, solidaridad, solidarité, em seus mais diversos idiomas, traduz em comum o significado de ser bondoso com o outro, tratando-o como um irmão e ajudando-o a solucionar suas necessidades, seguindo as lições do apóstolo Paulo: “Fazei-vos servos uns dos outros, pelo amor”.
Nesse sentido, o Amor e a Fé nos impulsiona a ter os olhos sensíveis às misérias humanas, clarificando-nos para o essencial: o quanto, de alguma maneira, podemos ser próximos de alguém, como muito conhecido na Parábola do Bom Samaritano.
O mundo inclina seu olhar de solidariedade aos irmãos do Estado do Rio Grande do Sul, afetados pelas recentes enchentes causada pela força das águas, nos interligando em uma corrente infinita de pessoas generosas, bondosas, fraternas e solidárias, cujas palavras não são suficientes para expressar a beleza de um gesto humano quando o semelhante mais precisa, sempre unidos em pensamento, oração e ação.
O exercício de ter um olhar solidário/ humano, exige considerar a importância do outro, abrir os olhos e os ouvidos para nunca ser indiferente às dores do mundo, mostrando que solidariedade não se resume apenas a “gentes”, mas a toda conjuntura de ações, e que certamente o povo brasileiro ainda é muito forte no quesito “ajuda humanitária”, “arregaçando as mangas” e se lançando na corrente do bem sem medir esforços.
Do simples gesto de entrega/oferta de algo, é possível ver também nas recentes reportagens, o amor dos humanos aos seus animais de estimação, mostrando que dentre todas as criaturas ali criadas por Deus, há também um olhar de proteção de São Francisco de Assis, ensinando que todas as criaturas são obras de Deus e merecem ser tratadas com dignidade e compaixão.
O povo brasileiro é diferenciado. Em meio a uma tragédia como essa, fica o gesto de quem estendeu a mão, de quem entregou um cobertor, de quem arriscou a própria vida, de quem cedeu seu tempo, de quem juntou alguns pertences para doação no intuito singelo de colaborar, o mínimo que fosse com olhar solidário.
Diante do que se vê além do caos, é o ato genuíno de compaixão, que nos lembra parábolas cristãs mas que pouco sentido fazia até que nos deparamos nós mesmos com o bom samaritano que cada um pode ser quando a frieza do seu coração se dissipa diante do sofrimento do seu próximo.
O que nos falta é coragem para enxergarmos que estamos todos juntos em um mesmo barco que afunda. Somos partícipes de erros e irresponsabilidades coletivas, mas somos, sobretudo, responsáveis pelos nossos próprios atos.
A solidariedade não se subjuga a partidarismo; a luz que brota do coração humano quando ele se vê fortemente inclinado em direção ao próximo que necessita de ajuda, não se confunde com o holofote que jogam sobre si aqueles que se aproveitam das calamidades públicas para a autopromoção, como se vê muito por aí nas mídias.
Enfim, aceitemos a nossa falibilidade, cuja graça será sempre o exercício de florescer dentro dos nossos corações um olhar de solidariedade, seguindo as lições do Papa Francisco a cuidar da Casa Comum, protegendo as comunidades mais vulneráveis no verdadeiro espírito de compaixão e amor ao próximo, dando esperança e renovando a fé na capacidade de reconstruir e superar as dificuldades.
Rafael Gama, entusiasta do Carnaval.