MENOS PRECONCEITO, MAIS AMOR
“Bicha, veado, boiola, frutinha, fanta, maricona, afeminado, fresco, sapatão”, são variados os nomes usados, mesmo em países “tratáveis”, para menosprezar qualquer desvio do padrão heteronormativo. Já foi tempo de se tolerar esses tipos de nomenclaturas.
Hoje, em que pese ainda enraizado na sociedade os prequestionamentos/ preconceitos já formados, o fato é que o amor se prolifera de várias formas. Todo mundo quer amar alguém ou “alguéns”. Ama-se o amor, canta-se o amor, vive-se em busca do amor. Mas amar exige muito aprendizado e este é o maior desafio quando nos referimos a uma sociedade extremamente preconceituosa, intolerante, mesmo depois do divórcio, da pílula, e de tantas outras mudanças de costume, cujo ato de amar virou um verbo plural.
Celebramos hoje, dia 17 de maio a luta contra o preconceito com pessoas LGBTQIA+, que certamente vem ganhando força nos últimos anos, nas esferas sociais, políticas, acadêmicas, entre outras. Ainda assim, o modelo de sociedade ideal está longe de ser perfeita ou pacífica no Brasil.
Enquanto sociedade, o maior desafio é seguir na luta por visibilidade, respeito e reconhecimento dos direitos básicos, que certamente o Brasil já deu bons passos. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal passou a reconhecer a união estável de casais do mesmo gênero e, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça permitiu o casamento civil. Em 2016, houve a autorização para que pessoas trans pudessem retificar seu registro civil, seu nome, sem necessidade de nenhuma cirurgia. E, em 2020, foi decretado o fim da proibição para que homens gays, mulheres trans e travestis doassem sangue. Trata-se de avanços extremamente relevantes, em uma sociedade que ainda, infelizmente, reproduz discursos de “cura gay”, equiparando a doenças crônicas, ou até maus espíritos.
A temática em síntese, é muito simples de compreensão: não importa se uma pessoa é heterossexual, homossexual, bissexual, transgênero, travesti, o importante é ser respeitada como um ser humano e ter todos os seus direitos garantidos. É o básico que se esperar de toda e qualquer sociedade CIVILIZADA, entre os seus.
Contudo, apesar dos grandes avanços, há uma minoria que acha que vive nos tempos de Adão e Eva, usando a Bíblia como escudo para justificar um pensamento, sim, preconceituoso, porque, afinal, Deus não quer que você seja ruim para com o próximo. Inclusive, Ele disse: “Amai-vos uns aos outros, como Eu os amei”. Ser bom para os outros, às vezes, não consiste em ajudá-lo, mas, no mínimo, respeitá-lo, assim penso.
Seja qual o seu credo ou seguimento filosófico, qualquer tipo de preconceito ou ato violento vai contra aquele que consideramos o mais importante ensinamento de Jesus Cristo: o amor e respeito ao próximo. É difícil compreender e aceitar que alguém possa ser contrário ao direito de amar.
O próprio Papa Francisco, apesar de ainda não reconhecer o casamento homoafetivo, recentemente, de forma única e milenar, reconheceu a possibilidade de padres concederem bênçãos a casais do mesmo sexo em igrejas, rompendo por total com a doutrina da Igreja Católica de condenar a união homossexual.
Por outro lado, ainda permanece discursos homofóbicos, violências de toda ordem, física, simbólica, silenciosa, discurso de ódio, aversão ao outro. E qual é o caminho para solução? EDUCAÇÃO. Levantar a bandeira da educação, libertadora e transformadora. Ela é essencial para mudar toda uma cultura, um saber arraigado, não advindo dos mestres do saber, mas se assim posso dizer, dos imbecis, idiotas, contramestres.
Esse é o empenho que devemos nos esforçar no combate a todos os tipos de preconceitos, na certeza de que o respeito e o amor nos aproximam de um afeto poderoso, reconhecendo todas as formas de amar, livre de medo, discriminação, violência, e sobretudo dos golpes de uma minoria que acha e acredita que vivemos nos tempos de Adão e Eva.
Afinal, já se desprendia de tudo Rita Lee e Lulu Santos: “enquanto estou viva e cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz; considerando justa toda forma de amor e amar”.
Eu considero. E você?
Rafael Gama, entusiasta do Carnaval.