Celebração do corpo que fala, canta, reza, festeja e reivindica. Porque dançar é existir em contínuo movimento
O dia 29 de abril é uma data que dialoga muito bem com os palcos, os refletores e os aplausos. O mundo escolheu esta data para comemorar a dança, essa linguagem da arte que é ancestral e uma das formas mais genuínas de expressividade e comunicação humana. Antes mesmo das palavras, era o corpo que narrava histórias, exprimia emoções, clamava por chuvas e celebrava colheitas em diferentes culturas e povos. Certa feita, li uma frase que traz em seu bojo muito significado: “Dançar é rezar com o corpo”. Desconheço sua autoria, mas a ideia de “rezar com o corpo” sugere que a dança pode ser um ato de devoção, uma forma de comunicação com o sagrado ou com algo mais profundo e transcendental. A dança pode ser uma forma de conectar-se com a espiritualidade, expressar crenças e valores, e até mesmo recriar rituais. Nas celebrações religiosas e festeiras, como o reisado e o congado, a dança é oferenda, é fé que se move, é sagrado em constante movimento. Em algumas tradições, a dança é vista como uma forma de cura, tanto física quanto emocional e espiritual, pois ela pode ajudar a liberar tensões e equalizar o interior, além de permitir manifestar emoções e experiências que são difíceis de verbalizar. Seja nas rodas folclóricas, no batuque do jongo, na ginga do maracatu, no entrelaçar dos pares nas quadrilhas juninas ou nas avenidas do Carnaval, é o corpo que traduz as raízes culturais de um povo através dos ritmos, passos, compassos e sincronismos, traduzindo as emoções e a resistência de um povo através da dança enquanto arte ou recurso terapêutico. Dança também é saúde, socialização, autoconhecimento. Quem dança se permite libertar o corpo das amarras do cotidiano e alinha-se com o ritmo da própria alma. Em crianças, adultos ou idosos os benefícios vão do físico ao emocional – melhora a coordenação motora, estimula a memória, fortalece vínculos e eleva a autoestima. Profissionais da dança que atuam em todo território nacional aproveitaram o mês no qual o mundo comemora a dança, para intensificar uma reivindicação que tramita no Congresso Nacional há quase uma década, que é a regulamentação da profissão. A partir da aprovação do Projeto de Lei 4768/2016 os profissionais da dança deverão ser beneficiados com a garantia de direitos trabalhistas, como jornada de trabalho justa, descanso semanal e segurança no ambiente de trabalho. Pensando na celeridade da pauta, o Fórum Nacional de Dança lançou a campanha “Lei da dança já!”, mobilizando artistas e trabalhadores da dança de diferentes regiões do país para se unirem em defesa do projeto, através do abaixo-assinado em apoio à causa, com o intuito de pressionar sua aprovação no Congresso. Assine o referido manifesto você também: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdY1Vy0Zq-MO68OlZST9_U8W3kUV8fisLQY_3QXnWiLbbIh_A/closedform A iniciativa trata-se de um passo essencial para valorizar os artistas da dança, garantir direitos e fortalecer ainda mais essa arte que já é, por natureza, tão essencial à vida!
Nota da Semana
Dica para os despudorados de plantão: Assistam ao longa-metragem “Homem com H”! É de uma magnitude incrível, assim como é toda a vida e obra do emblemático Ney Matogrosso. Aplausos para a brilhante atuação do ator Jesuíta Barbosa. Em cartaz nos cinemas.
“Fantasias Textuais”
“Cantar nunca foi só de alegria
Com tempo ruim
Todo mundo também dá bom dia”. Trecho da canção “Palavras”, de Gonzaguinha.