EU E O TEMPO
Falar sobre o Tempo muita das vezes pode ser considerado angustiante, frente a sua velocidade a mil por hora que se perde na imensidão do espaço.
Talvez falar dos tempos, nos remete a retrospectiva de vidas passadas, velha infância querida, e o surgimento de cabelos brancos saudando a juventude há mais tempo.
O fato é que o Tempo e o Espaço são as dimensões onde navegamos pela vida, e realizamos e conhecemos e percebemos e concebemos e desejamos e imaginamos tudo a que somos capazes de fazer.
Para alguns, o Tempo em si não existe, pois ninguém se quer um dia tocou no Tempo, num pedacinho dele sequer.
O Tempo é um acelerar da vida na certeza de que precisamos fazer tudo ao mesmo Tempo, considerando que ele vai e não volta mais.
Eu e o Tempo mostra a urgência que se tem de caminhar pela vida, na expectativa de fazer tudo e mais um pouco, considerando a validade do Tempo e a sua pressa de não esperar ninguém.
Para alguns ousados, Tempo é dinheiro, ou melhor “Time is Money”.
Paro no Tempo e lembro dos meus tempos de criança, em que se perdia pelas tardes ouvindo o barulho das 17h da buzina da usina de açúcar, o cheirinho do bagaço da cana, as brincadeiras divertidas como pião, “baleba”, as minhas pipas colorindo o céu, o enfeitar das bandeirinhas para o São João.
Ahh que saudade da minha infância querida que os anos não trazem mais, sábio Casimiro de Abreu.
Volto à minha realidade no imaginário da literatura. Só ela me permite ir muito além de onde estou, no ato voluntário do “vai e vem” percorrendo por esse espaço tão fabuloso que é o Tempo. A Literatura também pode nos levar a tempos além de nossa estreita realidade, que vai muito longe: é a crônica, cronos, tempo!
Então, nada apropriado para se expressar do que uma crônica para falar do Tempo.
Ahh queridos, como esse tempo voa… Ele é uma furação em velocidades diversas, ele passa muito depressa pelas curvas da vida, de acordo com a idade do indivíduo: às vezes, anda devagar; às vezes, depressa; outras vezes, corre e até voa, especialmente depois que o indivíduo alcança a maioridade, que alguns dizem ser a melhor.
É o seguimento da ordem natural das coisas, ainda que frustrante por acompanhar o processo biologicamente evolucionista de um bebê ao nascer, ao idoso em seu estágio bem avançado.
Tanto assim que, aos meus vinte e poucos anos como diz Fábio Jr, já percorri longa estrada, realizando minhas façanhas, experimentado uma infinidade de coisas, vivendo um estágio de eternidade como se o mundo fosse acabar hoje, e como muito apego à vida. Dizem alguns que é coisa de “mocidade/juventude”.
Agora, tento lembrar-me do que andei, fiz, experimentei, vivi nestes vinte e poucos anos.
Parece-me que a década de noventa foi ontem quando surgia neste mundo, e eu – disse “parece-me”.
Oh, tempo Rei, quanto mais penso em ti, mais tu andas depressa correndo de mim, quando tento de agarrar, tu te escapas de mim como o ar.
Sigo firme na trilha incerta dos meus passos, mergulhado no destino imenso dos meus sonhos, na certeza de que a vida é tão breve e o Tempo não espera ninguém.
Viva! Aproveite, pois o tempo não volta, o que volta é a vontade de voltar o tempo. O Tempo Não Para – VIVA Cazuza.
Rafael Gama, entusiasta do Carnaval.