Entre acordes musicais e prata líquida no céu: A noite dos tributos à poesia buarqueana
Nota da Semana
A peça “Fuzis” esteve em cartaz no último fim de semana no Teatro de Bolso Procópio Ferreira e revelou-se profundamente necessária. Com adaptação própria, a Cia de Arte Persona apresentou uma dramaturgia que transita entre a obra de Bertold Brecht, ambientada durante a Guerra Civil Espanhola no século XX, passando pelas lutas políticas do século XXI, até chegar nas lutas políticas sociais pertinentes a Campos dos Goytacazes, sempre mantendo a tônica do texto original que é lutar em defesa da democracia e do antifascismo. Quando estiver em cartaz novamente, está aí uma verdadeira aula magna de História que deve ser frequentada, sobretudo pelos atores sociais da Educação.
“Fantasias Textuais”
Certa vez olhei e vi o reflexo
Revelando o enigma do olhar complexo
Projetado no espelho da senhora do mar
Com parcimônia fez questão que eu soubesse
Que som de água e silêncio de prece
Coração humano abraça e aquece
E a alma da gente tende a se elevar
Aprendi também que água salgada
É território sagrado chamado de lar
Porque é de lá que eu sei que sou
Mas igualmente sou daqui também
Porque é para lá que eu sei que vou
Porque há amor onde a gente se reconhece
E se sente bem.
Quando tudo errado der, “mainha” me envolverá
No manto macio dos seus cabelos
Salve Rainha do azul!
Salve Rainha do mar!
Não há amor maior nesse mundo
Sentimento profundo e maior não há!
Nas águas salgadas que traduzem o choro
Existem sentimentos banhados a ouro
Vicejam a alma e renovam o olhar
Salve Rainha do azul!
Canta, mamãe Odoyá!
“Salve, Odoyá!”, Eliane Gentile, 2 de fevereiro, Verão de 2022.